segunda-feira, 2 de novembro de 2009

it's raining.

É em dias chuvosos como este que:
me armo em escritora. Escrevo enredos amorosos com ou não final feliz e chuto cada história mal contada. "Descargo" no papel tudo aquilo que sempre quis dizer. Desabafo. Só ele me compreende. Só ele ouve com a paciência infinita que mais ninguém tem e só ele ouve.. Sem julgar. É a ele que lhe conto cada passo mal dado, cada palavra por dizer e cada gesto em vão.
Fecho-me em casa. Mas quem me dera sair à rua e dançar com a chuva sentindo-a gelada, caindo-me sobre o rosto. Perguntem-me que estação eu gosto mais e eu responderei: O INVERNO. Neve, chuva. Não há fenómenos mais belos que estes. É esta estação que me traz o conforto que sempre necessitei.
Durante a minha estada lá vou tirando perspectivas inimagináveis. Tapo-me com confortáveis mantas para que não se veja o meu interior ao mesmo tempo que procuro em cada recanto de mim, por um pouco de normalidade. Uso outra grande amiga, a música, abrindo-lhe as portas do meu ser e tentando perceber a quem será mais conveniente abri-las. Também me torno ilusionista, tirando ideias do impossível. São estes dias de chuva que considero perfeitos tanto para uns momentinhos "deprés" em que me deito no sofá, na ronha, a ver um filme sem qualquer vontade de aproveitar aquele dia tão belo como na rua a limpar e refrescar a alma. Dentro ou fora, é a chuva que ouve e cala. Tal como as palavras, tal como a música. Sem preconceitos ou julgamentos. Apenas nos dão aquela paz interior que necessitamos e que mais nada ou alguém nos consegue dar. É nestes dias que penso em teorias que mais ninguém pensa.. Flui uma inspiração, uma imaginação, uma capacidade de sonhar que em dias "normais" nunca iria fluir. nestes dias que penso em teorias que mais ninguém pensa.. Flui uma inspiração, uma imaginação, uma capacidade de sonhar que em dias "normais" nunca irá fluir. Não existem segredos contados, promessas vazias ou quebradas, nada.

Como é bom abrir de soslaio a janela e sentir aquele cheiro, a terra molhada. As ruas desertas. Não há conflitos, não há distúrbios pois com a chuva nenhum momento é propício para se começar uma guerra.
E aí vai ela, a chuva, em busca de outros destinos. Vai caindo tão "mansa", trazendo uma lembrança de profundo isolamento. Mas não. Por curioso que pareça, existe mais probabilidade de me sentir só num dia de sol do que num dia de chuva. Se a chuva cai, por algum motivo é, alguém a faz cair o que me faz sentir que não estou só, nunca estou só. Chove porque é preciso. Porque eu preciso.
Vai caindo em silêncio, numa noite e numa tarde sem qualquer claridade e o meu sonhar d'hoje vence esse silêncio, vencido também por uma infinita saudade.



                                                               "a little piece of heaven"

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